5.6.11

Ofuscada.


Admirável mundo esse onde a vida me flutua enquanto respiro. Contudo que nada mude, eu continuo a sorrir para meu espelho e acabo encontrando a perfeição. Quão bom seria se os sorrisos fossem valiosos, digo, quão bom seria se isto fosse verdadeiramente verdadeiro. Repentinamente, a vida mostra-me outro lado da moeda, outro lado imperceptível aos olhos dos outros. Abro a janela da certeza e lá só enxergo o que eu já concluía. Nada além de um deserto e um sol que queimava minha retina lentamente. Porém, minhas pernas se entrelaçaram entre si, como se não quisessem voltar. Mas eu queria. E queria mais que tudo. Lutei com todas as minhas forças, mas quando retornei todas as minhas páginas estavam amassadas. E foi então que eu enlouqueci. Continuo enlouquecendo. Não sabendo mais pra que lado ir, ou pra que lado chegar. Fico um tempo pensando em meu estado inevitável. Pra onde foi que a vida me levou, afinal? De nada sei. Fico pensando em formas e várias formas de encher esse buraco que surge em mim. Mas aí então, acontece algo inevitável. Um soco no estômago, e o ar começa a poluir-se de sentimentos ruins que eu nem sequer sabia que existiam. Não ligo. Não posso ligar. Tudo parece sem sentido agora. E eu sinto que isso é recíproco. Digo, eu estou deixando essas coisas acontecerem, e tudo então, fica pior, a cada tic-toc do relógio, novas chances vão surgindo. Mas não enxergo na maioria das vezes, pois minhas pálpebras estão embaralhadas, graças à essa solidão e essa dor sem sentido. Solidão repentina essa que confunde minha mente e me faz pensar vazio. Faz-me sonhar com o nada. O meio do nada. Nada. Nada parece mais fazer sentido. Pois é só o nada que existe. Por mais que eu finja que não, minha mente grita: SIM! SIM! SIM! Sim, eu já me acostumei com isso. Então, por esse motivo não temo mais o que ainda está por vir. Porque sei que depois das páginas amassadas, devo aprender a desamassá-las, para que então, eu escreva novas palavras formando assim, novos sentimentos. Sentimentos esses que espero que sejam bons. Que espero que não ofusquem minha visão. Espero que novas páginas surjam, novas páginas possam ser desamassadas. E para que mais que tudo, eu perceba que por mais inútil que tudo isso possa parecer. A dor é só uma exceção, e o que eu sinto é muito mais do que uma simples exceção. É a regra. Por mais que eu negue. A regra é sobretudo, o essencial. Independente do que o resto pode me fazer sentir. Certamente, as coisas ruins não poderão ser anuladas pelas boas. Mas não significa que as boas são minoria. Às vezes são a maioria. E na maioria das vezes, valem muito mais.